Primeira peça do ano de 2016 foi "Quem Roubou meu Sapatinho?" do Grupo InSônia de Ribeirão Preto/SP dentro da programação do Festival "Teatro em Janeiro é o Maior Barato". É importante voltar a lembrar, principalmente agora no começo, que este não é um blog de criticas sobre arte é um blog de impressões que me servirão de estudo futuramente (afinal de contas um ator aprende vendo e potencializa o aprendizado quando para pra escrever e refletir sobre).
Espero que isso me livre de alguns mal entendidos!
A primeira coisa a se dizer é que é sempre mais dificil escrever sobre obras de pessoas que você tem amizade e/ou conhece/convive o que é o caso desse espetáculo que é dirigido pelo João Paulo Honório da Cia. Bocaccione também de Ribeirão. Foi a primeira vez que eu assisti este espetáculo, já aconteceu algumas vezes no ano passado de estarmos no mesmo festival, mas nunca deu certo de assistir.
É sempre importante pontuar que "a gente vê o que a gente quer ver" eu poderia aqui enxer de elogios o grupo ou o espetáculo e da mesma forma criticar tudo que foi posto em cena, nenhuma dessas duas opções é interessante, pois TODO espetáculo tem pontos positivos e negativos. Obviamente eu faria completamente diferente e isso é fantastico (duas pessoas pegam o mesmo texto na mesma época e saem espetáculos opostos). Vou tentar pontuar aqui o que mais se destacou e o que mais achei complicado.
O encenação do começo é muito interessante e já mostra a cara do trabalho. O mais potente pra mim nessa obra com certeza é a estética: ela me parece ser inspirada no movimento dadaísta e permeia o universo infantil onde tudo o que se precisa é a imaginação, se eu digo que um skate é um cavalo tudo continua na mais perfeita ordem e assim o grupo vai brincando com os elementos cênicos, uma brincadeira gostosa. O cenario é bastante instigante também, mesmo "coisado" (como disse um dos atores no debate) e os figurinos e adereços não ficam para trás.
Maquiagem e Iluminação passam: não comprometem, mas também não se destacam.
Três coisas estão bastante complicadas:
*1ª é a trilha sonora que permeia quase que o espetáculo todo sendo que em uns 70% dos casos ela se torna desnecessária inclusive atrapalhando o atores em cena e distanciando a plateia da obra (ela não é ruim, pelo contrario, mas o tempo todo acaba causando um deserviço); *2ª é o discurso: eu não falei até agora, mas o espetáculo trata da história da cinderela e é justamente aí que mora o problema, a cinderela e toda a trama do conto gira em torno de mulheres que PRECISAM casar, elas tem necessidade do principe e do poder e da beleza, o que em 2016, numa sociedade que se preze, beira o absurdo, ou pelo menos deveria...
Esse é o principal ponto que eu mudaria (eu: opinião pessoal, joguem fora se assim acharem que devem, assim como todo o resto) não dá mais para ter a menininha casando com o principe no final!! nem a Disney mais está fazendo isso (haja vista Shrek, Frozen e Valente)
3ª é a dramaturgia que me parece muito inocente ao não verticalizar as personagens coadjuvantes e pouco o fazer com a principal, uma outra questão aqui na dramaturgia é o fato dela não se resolver: o espetáculo chama "Quem Roubou meu Sapatinho?" e em determinado momento se propõe uma investigação (unico momento em que de fato se difere do conto da cinderela) onde eles vão para "o mundo das fadas" e alí tudo acontece muito rápido e ao mesmo tempo arrastado, são jogadas várias personagens que não tem muitas falas, que não afetam a personagem principal e que parecem perdidas naquele contexto, fica um bloco de cenas completamente distintas do restante do espetáculo e quando voltam tudo já se resolveu (acharam o sapato) aí é só calçar a cinderela e subir no skate para Tão Tão Distante... se você parar pra pensar: caso a cinderela e a fada resolvam simplesmente sentar e esperar o resultado seria o mesmo.
Por fim o espetáculo merece ser visto principalmente pelo tratamento estético que lhe foi conferido.
Gostei muito de finalmente vê-lo, de conhecer o grupo e de assistir mais uma direção do João Paulo (já é a terceira e aos poucos consigo ver uma linguagem própria).Fico muito feliz também de ser este espetáculo que estreou as impressões apocalípticas no segmento de teatro!!!!
Evoé
São José do Rio Preto, 12 de Janeiro de 2016
Desde já agradeço... Lawrence Garcia


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