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domingo, 14 de fevereiro de 2016

Falemos sobre... Cícero!!

Dia 13 de Fevereiro fui assistir no teatro Nelson Castro a peça Cícero da Cia. Varal da Varanda que valeu pela contrapartida do Prêmio de Fomento Nelson Seixas de 2014.
Bom... antes de começar a escrever quero relembrar que esse não é um blog sobre criticas teatrais são apenas impressões escritas para que eu possa exercitar o meu senso crítico, lembrar melhor sobre as peças que assisti e poder estudar melhor futuramente. Também é importante falar que tudo aqui passa por um crivo de gosto pessoal atual e que eu gostar ou não de uma obra não deveria ser relevante pra mais ninguém além de eu mesmo.

Começando então.
Eu não tenho contato nenhum com essa companhia apenas vejo suas movimentações online e eles são bastante ativos, já é a segunda vez que ganham o prêmio Nelson Seixas em 3 anos, se não me engano (O Menino que Virou Peixe e Cícero), fazem diversos cursos/oficinas e exposições em sua sede na Boa Vista e por vezes os vejo participando de alguns festivais pela cidade.
Eles trabalham com Mascaras e com Comédia Dell'Arte e eu particularmente não gosto de nenhum dos dois movimentos: a mascara porque tira/engessa a expressão do ator (um das coisas fundamentais para a construção cênica) jogando-a para o corpo e a voz deixando tudo extremamente caricato e sem ritimo (pelo menos nas peças que vi até agora) e também num gosto de comédia dell'arte porque nunca tem nada de novo, nunca saí deslocado após ver um espetáculo desse gênero (novamente a partir de tudo que vi até agora).

Mas eu gosto muito de biografias então resolvi ir assistir e também porque fevereiro é muito parado de teatro e eu tava querendo ver algo. Eu vou falar das coisas que acho complicadas pra depois falar das que acho interessantes e terminar mais feliz dessa vez!!

Pra mim as coisas mais complicadas são a iluminação, o uso do microfone e lanternas, algumas tentativas de piadinhas políticas...
A iluminação não faz sentido pra mim, o uso de sombra chinesa é extremamente equivocado e a impressão que tenho é que quiseram usar todas as gelatinas disponíveis menos as que de fato fariam sentido (ambar, amarelo, chocolate, café) estamos falando do Crato e do Cariri no final do século XIX ínicio do sec XX uma região árida, pobre, de dificil acesso e a iluminação enquanto dramaturgia poderia muito bem contribuir nessa ambientação e ao invés disso o que vemos é um show de cores (verde, vermelho, azul de diferentes tonalidades, congo) então pra mim pecou bastante.
Sobre os microfones: são colocados sem nenhuma finalidade, o elenco tem uma voz potente então não teria pra que colocar microfone e ainda menos um shure sem fio de mão numa peça que se passa no final do século retrasado, quer aumentar o volume da voz quando eles estão no plano super elevado é só colocar um microfone de coral e mesmo assim não teria necessidade devido a potencia da voz de todos. Outra coisa foi a cena das lanternas de mão bem moderninhas no contexto do Cariri século retrasado simplesmente aquela cena não fez sentido nenhum pra mim.
Por fim a dramaturgia pecou muito quando quis fazer piadinha com o momento político atual, estamos numa realidade complexa e complicada e a arte tem uma função importantíssima nesse processo é um momento de politizarmos com nossos espetáculos e não ficar fazendo piadinha infame atacando qualquer um sem contexto e sem quê nem pra que, pra mim o espetáculo caiu num abismo alí que só se recupera na cena do Lampião e da Maria Bonita.

Agora sobre as coisas interessantes:
A Maria Bonita é a personagem mais bem construída e engraçada (veja bem a Maria Bonita e não a Maria Gomes essa é sem graça) rouba a cena de todos a partir do momento que encontra com lampião!
A direção, encenação e os figurinos não comprometem, mas também não são de tirar o folego.
A cenografia é muito bonita, mas eu me perdi um pouco na quantidade e distinção dos elementos (ferro, pvc, madeira e pano) e novamente sem tons pasteis que é o que se esperaria.
A pérola do trabalho é a relação com as mascaras, pra quem gosta, elas são muito bonitas e bem feitas e o trabalho é muito bem executado nesse sentido. Eles são a única companhia da cidade que se propôs a trabalhar exclusivamente com máscaras e comédia dell'arte e apesar de eu não gostar reconheço que é um trabalho importante para que esse tipo de teatro não caia no esquecimento.

Essa foi a primeira apresentação depois da estreia e já posso dizer que é infinitamente melhor que o espetáculo anterior da cia. e talvez possa parecer que eu não gostei por conta da quantidade de texto, mas eu gostei sim, eu não conhecia direito a história do Padre Cícero e foi bom conhece-lo melhor.

Por fim... uma frase que disse pra Paty
Quando a gente vê o Padre Cícero acendendo vela pra ele mesmo é que sabemos que a coisa ta feia...

Desde já agradeço... Lawrence Garcia

São José do Rio Preto, 14 de Fevereiro de 2016

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